O cenário devastador de Japurá em Tabupuã, interior de São Paulo, mostra uma estação ferroviária abandonada e tomada pela vegetação, prédios com pinturas desbotadas e ruas completamente desertas.
A atual ‘cidade fantasma’ já foi uma vila com mais de três mil moradores, que viviam da agricultura e da prática do escambo, porém, após uma epidemia foi abandonada por seus morados, lá pelas décadas de 30 e 40.
De acordo com registros de historiadores, a epidemia de malária e febre amarela se alastrou rapidamente pela região por conta da dificuldade de acesso a serviços de saúde e falta de conhecimento cientifico sobre as doenças.
Registros apontam ainda que na década de 1920, o distrito que foi alvo de febre amarela e malária, tinha escola, igreja, cadeia pública, açougues e farmácias.
Bellinelo resalta:
“Para se curar das doenças as pessoas faziam remédios caseiros ou tinham que enfrentar horas de carroça para chegar a um médico. Além disso, não havia um tratamento correto para os sintomas. Tudo contribuiu para que as doenças se disseminassem com rapidez pelo local e fizessem inúmeras vítimas.”
Bellinelo continua dizendo que:
“No ápice da epidemia, em média, de doze a quinze pessoas eram enterradas por dia no Japurá. O medo era tão grande que muitas famílias enterravam os familiares e, em seguida, iam embora do local temendo ser contaminados.”
O fim da estação ferroviária
Outro fator que contribuiu para o local virar uma espécie de ‘cidade fantasma’ ocorreu na década de 1950, quando o trem parou de passar pela estação ferroviária de Japurá.
A falta de documentos históricos é um dos grandes entraves para que o Estado de São Paulo consiga mensurar quantas pessoas morreram de malária e febre amarela, entre 1930 e 1940, no Japurá, interior de São Paulo.